O Ancião ignorante
Era um velho muito simples e analfabeto.
Queria encontrar a paz interior e dedicar os últimos anos da sua existência a melhorar a sua vida interior. Dirigiu-se a um mosteiro e bateu às suas portas.
Explicou aos monges que tinha um vivo desejo de encontrar o sentido da vida, de se purificar e achar a serenidade definitiva, pelo que pedia que o aceitassem como noviço.
Os monges pensaram que o homem era tão simples e tão inculto que nem poderia entender os ensinamentos mais básicos, nem ler as Escrituras; mas como o viram tão motivado e com intenção pura, deram-lhe uma vassoura e disseram-lhe que se ocupasse diariamente de varrer o claustro.
Durante anos, o ancião varreu o claustro muito atenta e esmeradamente, sem deixar de fazê-lo um único dia.
Paulatinamente, todos os homens começaram a ver mudanças notáveis no varredor. Parecia tão sossegado, gozoso, harmonioso!
Todo ele emanava uma atmosfera de sublime serenidade. A sua inspiradora presença chamava tanto a atenção, que os monges se aperceberam de que o homem tinha atingido um considerável grau de evolução espiritual e uma grande pureza de coração.
Perplexos, perguntaram-lhe se tinha seguido alguma prática ou método especial, mas o velho, com toda a humildade, disse:
- Não, não fiz nada de especial, acreditem. Dediquei-me diariamente, com amor, a limpar o claustro, e cada vez que varria o lixo, pensava que estava também a varrer o meu coração, limpando-me de todo o veneno.
Ramiro Calle
Uma chinesa velha tinha dois grandes vasos, cada um suspenso na extremidadede uma vara que ela carregava nas costas. Um dos vasos era rachado e o outro era perfeito. Todos os dias ela ía aorio buscar água, e ao fim da longa caminhada do rio até casa o vasoperfeito chegava sempre cheio de água, enquanto o rachado chegava meiovazio. Durante muito tempo a coisa foi andando assim, com a senhora chegando a casa somente com um vaso e meio de água. Naturalmente o vaso perfeito tinha muito orgulho do seu próprio resultado -e o pobre vaso rachado tinha vergonha do seu defeito, de conseguir fazer só a metade daquilo que deveria fazer. Ao fim de dois anos, reflectindo sobre a sua própria amarga derrota de ser'rachado', durante o caminho para o rio o vaso rachado disse à velha : 'Tenho vergonha de mim mesmo, porque esta rachadura que tenho faz-me perder metade da água durante o caminho até à sua casa ...' A velhinha sorriu : 'Reparaste que lindas flores há no teu lado do caminho, somente no teu lado do caminho ? Eu sempre soube do teu defeito e portanto plantei sementes de flores na beira da estrada do teu lado. E todos os dias, enquanto voltávamos do rio, tu regava-las. Foi assim que durante dois anos pude apanhar belas flores para enfeitar a mesa e alegrar o meu jantar. Se tu não fosses como és, eu não teria tido aquelas maravilhas na minha casa !' Cada um de nós tem o seu defeito próprio : mas é o defeito que cada um de nós tem, que faz com que nossa convivência seja interessante e gratificante. É preciso aceitar cada um pelo que é ... e descobrir o que há de bom nele ! Portanto, meu 'defeituoso' amigo/a, desejo que tenhas um bom dia e que te lembres de regar as flores do teu lado do caminho !
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